O INVENTOR

Pegue o liquidificador, misture teatro, cinema, tv, literatura, uns outros ingredientes e…voilá.

Nas nuvens

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Desde cedo, sempre tive um relação especial com aeroportos. Nasci nas nuvens- e continuo nelas até hoje. Muitas pessoas viajam achando que vão conseguir fugir dos seus problemas. Naquele período, a vida real fica(ria) para trás e, pronto, do nada, uma nova vida surge, num lugar onde ninguém te conhece. Quem não gostaria de, um dia, poder recomeçar do zero?
Só que eu não viajo para fugir. Viajo para me encontrar.
É por isso que aeroportos sempre me fascinaram. É ali, naquele microcosmo, que tudo acontece.
Mãe chorando a partida do filho.
Esposa à espera do marido.
Neto se despedindo da avó.
O primeiro encontro de amantes cibernéticos.
Ninguém nunca volta de uma viagem do mesmo jeito de quando partiu.
Uma vez, em Londres, vi dois jovens abraçados no meio do caos de Heathrow. Uma gritaria, voos sendo chamados, crianças correndo. E os dois ali. Tinham seus 17 anos, ambos chorando como se o mundo acabasse no dia seguinte. Fiquei imaginando várias histórias para eles- talvez até mais interessantes do que a verdadeira.
Na minha cabeça, eles estava juntos há muitos anos e ele estava indo morar fora. Ela, estudante, resolveu ficar. No meu diálogo fictício, ele iria se virar para ela e, depois de um beijo na testa, antes de embarcar, falaria:
“Eu vou, mas pode ficar tranquila. Daqui a seis meses, eu volto, porque, apesar de um ter um motivo para ir, finalmente, encontrei um motivo pra voltar.”
Mas essa história só aconteceu na cabeça fantasiosa de alguém que vive nas nuvens. E nunca mais quer sair delas.
Ah, como eu amo aeroportos…

Written by Marcos M.

maio 1, 2014 às 7:10 pm

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