Feliz Natal

Dizem que o Natal é mágico. Acho até bacana essa intepretação. Muito melhor do que a versão capturada pelo capitalismo para inebriar os alienados com o fetiche pela mercadoria. Hoje, vendo a mobilização da cidade para a véspera de Natal, parei para pensar no momento exato em que essa magia se perde. Quando vocês deixaram de acreditar em Papai Noel, se é que um dia acreditaram? Com cinco anos? Seis? Eu não me lembro. Se bem que é dose comprar a história do velho que viaja com renas voadoras pelo mundo todo para entregar presentes às crianças que se comportaram bem. Pela chaminé. Tô fora, até porque nem chaminé eu tive. O Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis, escrevia cartas anuais para os filhos, fingindo ser Papai Noel e dizendo como estavam os preparativos para a festa. E havia Goblins. Duendes. Gigantes. Admiro, admiro. Acho que, no fundo, muitos se emocionam com a fantasia por trás da coisa. Sou meio Grinch, infelizmente, mas dou o maior apoio. Quando as crianças deixam de acreditar na fantasia, talvez entrem em contato pela primeira vez com a morte. Algo se perde ali. Esse estilhaçar do Real é mesmo doloroso. Então, talvez seja disto mesmo que estejamos precisando: de um mundo menos embrutecido e com mais imaginação.

 

E haja mesmo imaginação para acreditar que, nos 50 graus do verão carioca, é capaz de nevar.