O INVENTOR

Pegue o liquidificador, misture teatro, cinema, tv, literatura, uns outros ingredientes e…voilá.

Microconto sobre uma história de amor em 4 atos

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ATO I: VERÃO

Foi paixão à primeira vista. Sim, foi paixão o que aconteceu naquele verão. Amor é outra coisa. Paixão é não conseguir viver sem. É sufocar-se com a ausência. É passar seus dias pensando num certo alguém. “Adivinha com quem eu sonhei?”. É se entregar. É fazer escolhas. É lutar para ver quem desliga primeiro a ligação. É patológico. Amor é outra coisa.

 ATO II: OUTONO

De repente, as folhas caem. Leva-se um balde de água fria da rotina. Aquelas pequenas coisas graciosas tornam-se irritantes. Mais do mesmo. O cotidiano sempre entra sem pedir licença e começamos a pisar em folhas secas.

De repente os presentes de aniversário se esgotam.

De repente você não aguenta mais as festas de família.

De repente você não aguenta mais as tias da namorada perguntando sobre casamento.

De repente a sensação de abandono é maior nas noites de futebol com os amigos.

De repente algo se perde e tudo se transforma em não.

“Eu…preciso de um tempo”.

ATO III: INVERNO

 Na madrugada fria, sentimos os primeiros flocos de neve e, da janela, vemos o branco começar a cobrir os carros, as árvores, as ruas, a vida. A saudade é o pior castigo para o homem- saudades daquilo que talvez ainda exista, saudades de quem não morreu. Tentamos esquecer, tentamos apagar, tentamos fugir. Fingir que não aconteceu. Perdemos a noção do tempo. As horas e os minutos escorregam pelos nosso dedos. Estamos aprisionados naquele momento. Pra sempre. As caixas empilhadas acumulam a felicidade emoldurada em fotos e as juras de amor trocadas em guardanapos rasgados. Como dói.

ATO IV: PRIMAVERA

 Eis que vieram as flores. A vida nos dá a chance de um recomeço. Prontos pra outra? Não, nunca estamos. E a gente tenta mesmo assim. Todo o resto é coisa de estação passada. É hora de (re)descobrir. 

Written by Marcos M.

abril 5, 2014 às 8:23 pm

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